Human Sadness - Julian Casablancas+The Voidz
Uma Odisseia Lírica Através do Luto, da Desilusão e do Campo Além do Certo e Errado
Beyond all ideas of right and wrong, there is a field.
I will be meeting you there.
Além de todas as ideias de certo e errado, existe um campo.
Eu estarei te esperando lá.
— Rumi
Letra
put money in my hand
coloque dinheiro na minha mão
and i will do the things you want me to
e eu farei as coisas que você quiser
Vanity… overriding wisdom,
Vaidade… sobrepondo a sabedoria,
usually common sense.
geralmente o bom senso.
should i delete it,
devo apagar isso,
you said you’d read it
você disse que leria
you promised you would never ruin it with sequels,
você prometeu que nunca estragaria com continuações
I wake for you… on and on
eu acordo por você… sem parar
beyond all ideas of right and wrong there is a field,
além de todas as ideias de certo e errado existe um campo,
i will be meeting you there.
eu estarei te esperando lá.
the moon’s a skull, i think it’s grinning
a lua é um crânio, acho que está sorrindo
the room is full of people now i think it’s spinning
o quarto está cheio de gente, agora acho que está girando
wanted you… didn’t ask for nothing.
eu queria você… não pedi nada.
wait for you… on and on
esperei por você… e continuo esperando
and i don’t need your tie, i don’t need to,
e eu não preciso da sua gravata, não preciso disso,
tired of saying it.
cansado de repetir.
we don’t need more talk,
não precisamos de mais conversa,
don’t empty out your canteen on the desert floor.
não esvazie seu cantil no chão do deserto.
…ahhh, it’s all my fault
…ahhh, é tudo culpa minha
never wanna spell it out,
nunca quero soletrar,
i just want to say that it is all my fault,
só quero dizer que é tudo culpa minha,
i could never spit it out,
nunca consegui dizer isso,
i don’t wanna fix your tie…
não quero arrumar sua gravata…
never want to say we’re sad,
nunca quero dizer que estamos tristes,
thankful that we got some chance,
agradecido por termos tido alguma chance,
i know you won’t get back your time,
sei que você não vai recuperar seu tempo,
i wish that you could take it back…
queria que você pudesse pegar de volta…
beyond all ideas of right and wrong there is a field,
além de todas as ideias de certo e errado existe um campo,
i will be meeting you there.
eu estarei te esperando lá.
he wanted it more than me, i suppose
acho que ele queria mais do que eu
i was in a rush to wait in a line.
eu estava com pressa pra esperar na fila
now i hear echoes of my old self,
agora ouço ecos do meu antigo eu,
this is not the way to be.
esse não é o jeito de ser
all at once,
de repente,
i lost my way…
eu me perdi…
is it not true, the things that we did?
não é verdade, as coisas que fizemos?
come here at once and look what they did
venha aqui agora e veja o que fizeram
come here shut down and tune in tonite,
venha aqui, desligue-se e sintonize esta noite
learn the words that they teach you without you realizing it
aprenda as palavras que eles te ensinam sem que perceba
come here sit down and watch some tv
vem, senta e assiste um pouco de TV
mine all mine / wait your turn
tudo meu / espere sua vez
cross my cross / slice his hand
carregue minha cruz / corte a mão dele
not your son / not your friend / not your enemy
não é seu filho / não é seu amigo / nem seu inimigo
i rely on the little things to get me by,
conto com as pequenas coisas pra seguir em frente,
conscience says “i’m ok”,
a consciência diz “estou bem”,
you don’t hear what they say.
você não ouve o que dizem.
“he’s not my son, search his home”
“ele não é meu filho, revistem a casa dele”
off to war,
a caminho da guerra,
it’s time to go hide inside
é hora de se esconder por dentro
soft skin,
pele macia,
weak chin,
queixo fraco,
just walk me thru it, tell me what to do i’ll do
só me guie, diga o que fazer e eu farei
hurry hurry, that’s my baby
rápido, rápido, esse é meu amor
ohh, do what you can.
faça o que puder.
all the time - he waits for me.
o tempo todo – ele espera por mim.
and now we talk from time to time,
e agora conversamos de vez em quando
hits you on the head when nobody’s there,
te acerta na cabeça quando ninguém está por perto,
then he says ‘come here could you fix my tie?’
então ele diz “vem cá, pode arrumar minha gravata?”
it’s never gonna be,
isso nunca vai acontecer,
to be is not the way to be.
ser não é o caminho para ser
show me where to go don’t get angry so quickly,
me mostra pra onde ir, não se irrite tão rápido,
fuck depression…
foda-se a depressão…
beyond all ideas of right and wrong there is a field,
além de todas as ideias de certo e errado existe um campo,
i will be meeting you there.
eu estarei te esperando lá.
understanding is more important than love,
entender é mais importante do que amar,
if not money will always trump justice
caso contrário, o dinheiro sempre vencerá a justiça
all is lost,
tudo está perdido,
i’ll find my way…
eu encontrarei meu caminho…
so i say,
então eu digo,
to be is not to be.
ser é não ser.
to be is not the way to be.
ser não é o caminho para ser.
I. Introdução: Os Ecos Duradouros de ‘Human Sadness’
“Human Sadness” se destaca como uma faixa monumental, não apenas no álbum de estreia do The Voidz, ‘Tyranny’, mas também na música contemporânea como um todo. Seus 11 minutos de duração, narrativa expansiva e profundidade emocional crua a diferenciam, convidando os ouvintes a uma experiência profunda, muitas vezes inquietante, mas em última análise catártica. É um testemunho da ambição artística de Julian Casablancas e de sua disposição em explorar as facetas mais intrincadas da condição humana.
A canção é frequentemente descrita como “complexa” e “não é uma canção fácil de digerir” 1, mas suas camadas intrincadas de instrumentação e letras são “tão bem pensadas” 1, encapsulando “o gênio de Julian”.1 Ela mergulha em uma paisagem emocional multifacetada, movendo-se através do desespero, raiva, anseio e momentos de esperança frágil, tudo enraizado em uma narrativa profundamente pessoal. A extraordinária duração e a complexidade estrutural da canção não são incidentais, mas sim parte integrante de seu propósito artístico. Essa escolha de forma espelha a natureza não linear, “tumultuada e multifacetada” do luto e da emoção profunda.2 Se o luto é “longo e tortuoso” e “sempre em evolução” 2, uma canção curta e simples não conseguiria capturá-lo adequadamente. Assim, a duração e a complexidade estrutural são decisões deliberadas para imergir o ouvinte na experiência da tristeza, em vez de apenas descrevê-la. A própria forma se torna parte da mensagem, desafiando o ouvinte a “deixar que ela o pegue e o leve para um passeio” 1, em vez de buscar respostas fáceis ou resoluções rápidas.
II. Um Requiem para um Pai: Luto Pessoal e Expressão Artística
Em sua essência, “Human Sadness” funciona como um “requiem para seu pai” 1, John Casablancas, fundador da Elite Model Management, que faleceu de câncer em 2013.2 Essa tragédia pessoal serve como o impulso fundamental para a canção, transformando o luto individual em uma expressão artística universal. A canção sampleia o Requiem de Mozart, uma escolha “bastante genial” 1 que imediatamente sinaliza sua intenção sombria e comemorativa. A inclusão do Requiem de Mozart não é meramente um aceno musical; é uma decisão temática profunda que contextualiza a canção como um lamento pelos falecidos, estabelecendo uma estrutura clássica para uma expressão moderna de luto. Ao incorporar essa peça clássica específica, Casablancas eleva sua dor pessoal a uma expressão artística mais formalizada, quase ritualística. Não é apenas uma canção
sobre seu pai; é um requiem, um ato deliberado de luto e comemoração, ligando sua dor pessoal a uma tradição secular de processar a morte através da arte.
As letras sugerem um “relacionamento complicado” 1 com seu pai, indicando uma mistura de emoções além da simples tristeza. Versos como “Ele queria mais do que eu, suponho / Eu estava com pressa para esperar em uma fila. / Agora ouço ecos do meu antigo eu, / Este não é o caminho a seguir.” 3 evocam um sentimento de arrependimento, conexão perdida e talvez uma sensação de estar desalinhado com as expectativas ou desejos parentais. O apelo repetido, “Venha aqui de uma vez e veja o que eles fizeram” 3, embora aberto à interpretação, pode ser um chamado desesperado para seu pai testemunhar o estado do mundo, ou talvez um lamento pelo estado de seu próprio relacionamento, um desejo de compreensão compartilhada diante de “danos” externos ou internos. A capacidade da canção de evocar “desamparo, desespero, e que o fez sentir-se como uma criança” 2 nos ouvintes sublinha ainda mais sua conexão com sentimentos primários de vulnerabilidade frequentemente associados a relacionamentos parentais e perdas. A natureza “complicada” do relacionamento com seu pai 1 é fundamental porque explica a jornada emocional multifacetada dentro da canção, que se move além da simples tristeza para incorporar arrependimento, culpa e uma luta pela aceitação. Não é uma elegia direta, mas uma exploração matizada de sentimentos não resolvidos. Se o relacionamento fosse simples, o luto poderia ser mais singular. No entanto, as informações indicam um “relacionamento complicado” 1 e “alienado”.2 Essa complexidade se reflete diretamente na “discordância que se mistura com a harmonia” da canção e na mutação do “desespero… em raiva… em anseio… em fúria”.2 As letras “Ele queria mais do que eu, suponho” e “Este não é o caminho a seguir” 3 sugerem fortemente conflitos internos e arrependimentos passados, típicos de laços familiares complexos. Isso ajuda a compreender por que a canção é tão emocionalmente turbulenta e não apenas lamentosa.
III. O Campo de Rumi: Além do Certo e Errado
A canção se abre e retorna repetidamente à famosa citação de Rumi: “Além de todas as ideias de certo e errado existe um campo, eu o encontrarei lá”.3 Este verso serve como a âncora filosófica da canção, sugerindo um espaço de transcendência onde julgamento, culpa e moralidade convencional se dissolvem. É um chamado para ir além das dicotomias que muitas vezes aprisionam a compreensão e o conflito humanos.
Este verso de Rumi não é meramente decorativo; é uma diretriz tanto para o artista quanto para o ouvinte. Como observa um usuário do Reddit, Casablancas, “depois de ler a poesia de Rumi, ele tenta viver… ‘Para além do certo e errado existe um campo… eu o encontrarei lá’ Tentando se elevar acima de seus sentimentos iniciais de decepção e de julgar quem está certo e quem está errado”.1 Isso sugere uma tentativa deliberada de processar o luto e emoções complexas sem se prender à atribuição de culpa ou à busca de um fechamento definitivo. A repetição da citação funciona como um refrão meditativo, um lembrete constante de que “raramente na vida as coisas são preto e branco”.2 Ela encoraja a aceitação da ambiguidade e da realidade confusa dos relacionamentos humanos, onde “As pessoas que amamos nos machucarão repetidamente e nós as machucaremos porque amar uns aos outros não pode ser separado de machucar uns aos outros”.2 Essa perspectiva permite uma compreensão mais matizada da própria “tristeza humana”. A citação de Rumi funciona como um dispositivo metanarrativo, não apenas uma inclusão lírica. Ela instrui explicitamente o ouvinte sobre como abordar o conteúdo desafiador da canção, incentivando a abertura emocional e intelectual para além de julgamentos morais simplistas. As informações disponíveis mencionam repetidamente a citação de Rumi e sua conexão com a tentativa de “elevar-se acima… de julgar quem está certo e quem está errado” 1 e que “raramente na vida as coisas são preto e branco”.2 Isso não é apenas um tema
na canção; é uma estrutura para entender a canção. Ao colocar essa declaração filosófica no início e repeti-la, Casablancas prepara o terreno para uma jornada que exige empatia e uma disposição para abraçar a complexidade, em vez de buscar respostas simples ou atribuir culpa, especialmente dado o “relacionamento complicado” com seu pai. É um guia para interpretar os aspectos “desarticulados e desconfortáveis” 1 da canção, instando a uma recepção holística e sem julgamentos.
IV. Ecos da Sociedade: Corrupção, Controle e Desilusão
Além do luto pessoal, “Human Sadness” tece críticas agudas à sociedade moderna, alinhando-se com os temas mais amplos de “corrupção e ganância” encontrados em ‘Tyranny’.2 A linha falada de abertura, “Ponha dinheiro na minha mão / E farei as coisas que você quer que eu faça” 3, estabelece imediatamente uma visão cínica das relações transacionais e da influência corruptora da riqueza.
As letras aprofundam-se nos temas de manipulação e controle: “Venha aqui, desligue e sintonize esta noite, / Aprenda as palavras que eles te ensinam sem você perceber / Venha aqui, sente-se e assista TV”.3 Essas linhas pintam um quadro de consumo passivo e doutrinação insidiosa, onde os indivíduos são moldados sem saber por forças externas. As declarações cruas, quase infantis, “Tudo meu / espere sua vez / Cruze minha cruz / corte a mão dele / Não seu filho / não seu amigo / não seu inimigo” 3 evocam um senso de conflito primal, possessividade e a quebra da conexão humana, talvez refletindo a natureza implacável do mundo que seu pai navegou (contexto da Elite Model Management). A linha “Compreensão é mais importante que o amor, / Se não, o dinheiro sempre triunfará sobre a justiça” 3 serve como um potente resumo dessa desilusão social, postulando um mundo onde o poder financeiro se sobrepõe a considerações éticas e à conexão humana genuína. A justaposição do luto pessoal profundo com a crítica social sugere que o sofrimento individual muitas vezes está interligado com questões sistêmicas mais amplas. A “tristeza humana” não é apenas interna, mas também uma resposta a forças externas de corrupção e controle. A canção começa com o luto pessoal (a morte do pai), mas rapidamente introduz linhas sobre “dinheiro”, “vaidade”, “TV” e “aprender palavras sem perceber”.3 As informações disponíveis explicitamente ligam “Ponha dinheiro na minha mão” aos temas do álbum de “corrupção e ganância”.2 Isso implica que Casablancas vê sua dor pessoal não isoladamente, mas como parte de uma condição humana coletiva maior, moldada por falhas sociais. A tristeza é amplificada pela desilusão com o mundo externo, sugerindo uma ligação causal entre a “tirania” social e os estados emocionais individuais. A “tristeza humana” se torna um reflexo tanto da turbulência interna quanto das pressões externas.
V. A Batalha Interna: Tristeza, Culpa e a Busca por Esperança
A canção mergulha em profunda introspecção, lidando com sentimentos de responsabilidade pessoal e o peso da emoção. O refrão repetido, “Ahhh, a culpa é toda minha / Nunca quero soletrar, só quero dizer que a culpa é toda minha” 3, mostra um profundo senso de culpa ou auto-recriminação, um aspecto comum do luto e de relacionamentos complicados. Essa admissão crua destaca uma vulnerabilidade que é profundamente pessoal e universalmente identificável. A declaração explícita “Nunca quero dizer que estamos tristes” 3 aponta para uma relutância social ou pessoal em reconhecer e expressar a tristeza, talvez um mecanismo de defesa contra a emoção avassaladora. No entanto, a própria canção é um ato de confrontar essa mesma tristeza. A turbulência interna é ainda mais capturada por linhas como “Ouço ecos do meu antigo eu, / Este não é o caminho a seguir. / De repente, perdi meu rumo…” 3, refletindo uma luta com a identidade, um sentimento de estar à deriva e um anseio por um caminho diferente. A oscilação entre a auto-culpa (“a culpa é toda minha”) e a desafio (“Foda-se a depressão”) ilustra a natureza turbulenta e não linear do processamento de emoções complexas, particularmente o luto, onde desespero e raiva frequentemente coexistem e se transformam. As letras explicitamente afirmam “a culpa é toda minha” e, mais tarde, “Foda-se a depressão”.3 Esses são estados emocionais aparentemente contraditórios: um está internalizando a culpa, o outro está externalizando a raiva em relação a uma condição. Isso não é uma progressão lógica, mas uma realidade emocional. As informações disponíveis descrevem o luto como um processo onde “O desespero se transforma em raiva, que se transforma em anseio, que se transforma em fúria e assim por diante, até, eventualmente, a aceitação”.2 As mudanças líricas refletem esse caos emocional interno, mostrando que a jornada através da tristeza raramente é uma linha reta, mas uma batalha travada em múltiplas frentes.
Em meio ao desespero, há momentos marcantes, quase desafiadores. O grito cru e gutural de “Foda-se a depressão” 3 é uma rejeição visceral da escuridão avassaladora, um momento de raiva e resistência pura e não adulterada contra o peso emocional. Crucialmente, a canção oferece uma poderosa mensagem de esperança e resiliência duradouras. A linha “Não esvazie sua cantina no chão do deserto” 3 serve como uma metáfora pungente para preservar os recursos internos e não sucumbir completamente ao desespero. Como explicado em informações fornecidas, isso implica que “sempre há espaço para a esperança porque a tristeza, como qualquer outra emoção, é apenas temporária”.2 Isso sugere que, mesmo em profunda tristeza, há uma necessidade vital de manter a capacidade de sobrevivência e de possibilidades futuras. A mensagem final de “Tudo está perdido, encontrarei meu caminho…” 3 reforça essa jornada em direção à aceitação e à busca de um caminho a seguir, mesmo após uma perda significativa. A canção, um “produto do infortúnio, é uma marca de sobrevivência, prova de que a dificuldade não durará para sempre”.2 A metáfora “Não esvazie sua cantina no chão do deserto” transcende uma simples mensagem de esperança; é uma instrução prática para a resiliência emocional, enfatizando a importância de preservar a força e os recursos internos, mesmo quando cercado pela desolação. A linha “Não esvazie sua cantina no chão do deserto” 3 está explicitamente ligada à ideia de que “sempre há espaço para a esperança porque a tristeza, como qualquer outra emoção, é apenas temporária”.2 Isso não é apenas uma esperança passiva; é uma injunção ativa. Uma cantina em um deserto é um recurso vital e limitado. “Não esvaziá-la” significa conservar conscientemente as reservas emocionais e psicológicas, não ceder completamente ao desespero avassalador. Isso eleva a mensagem de mero otimismo para uma abordagem estratégica para a sobrevivência emocional e a superação de dificuldades, tornando a resiliência um ato deliberado.
VI. Uma Jornada Através da Emoção: Da Discórdia à Catarse
“Human Sadness” é descrita como sendo “dividida em 5 partes, como uma história” 1, com um “arranjo [que] opera como uma narrativa”.2 Essa estrutura é crucial, pois permite que a canção espelhe a “longa e tortuosa jornada de perder alguém”.2 As mudanças de andamento, instrumentação e entrega vocal – da “vulnerabilidade suave ao lamento agonizante” 1 – guiam o ouvinte através de um arco emocional tumultuado. A “discordância que se mistura com a harmonia” da canção 2 reflete a natureza caótica, mas em última análise estruturada do luto, onde “O desespero se transforma em raiva, que se transforma em anseio, que se transforma em fúria e assim por diante, até, eventualmente, a aceitação”.2 A estrutura musical e lírica deliberadamente “desarticulada e desconfortável” 1 não é uma falha, mas uma escolha artística sofisticada para imergir o ouvinte na experiência autêntica e não linear do luto e do tumulto emocional, facilitando assim a catarse. As informações disponíveis descrevem a canção como “desarticulada e desconfortável” 1, mas também como uma “narrativa” onde “o desespero se transforma em raiva”.2 Se o objetivo é a catarse através da arte, uma canção perfeitamente linear e harmoniosa pode não alcançar a mesma profundidade de liberação emocional. O desconforto força o engajamento, impedindo a escuta passiva. Ao espelhar a jornada “tumultuada e multifacetada” 2 do luto, a canção permite que o ouvinte experimente, em vez de apenas observar, o processo emocional, tornando o eventual senso de “sobrevivência” e “esperança” 2 mais profundo e merecido. Esta é uma estratégia artística deliberada para fazer o ouvinte
sentir a tristeza, não apenas ouvi-la, levando a uma catarse mais profunda e conquistada.
Para Casablancas, escrever a canção sobre seu “relacionamento alienado com seu pai foi provavelmente, pelo menos em certa medida, um processo terapêutico”.2 O ato de criação se torna um meio de processar o trauma e encontrar um caminho a seguir. Essa catarse se estende ao público. A canção “atua como uma espécie de catarse” 2 para os ouvintes, permitindo-lhes conectar-se e processar suas próprias experiências de perda, tristeza e desilusão. A capacidade da canção de evocar “nostalgia… desamparo, desespero, e que o fez sentir-se como uma criança” 2 em um ouvinte, mesmo sem conhecer seu contexto específico, fala de sua ressonância emocional universal. Ela oferece um espaço para “explorar o desconforto a fim de obter discernimento”.2
VII. Conclusão: A Complexidade Desdobrada de ‘Human Sadness’
“Human Sadness” se destaca como uma profunda conquista artística, um testemunho do poder da música para navegar pelas correntes mais profundas da emoção humana. É uma tapeçaria multicamadas que entrelaça luto pessoal, crítica social, investigação filosófica e uma exploração crua e vulnerável do eu. Sua complexidade é sua força, convidando a repetidas audições e uma reflexão mais profunda.
Em última análise, “Human Sadness” é uma “obra-prima” 1 que verdadeiramente “expressa o que é sentir e passar pela Tristeza Humana”.1 É uma marca de sobrevivência, um lembrete de que “a dificuldade não durará para sempre” e que “sempre há a possibilidade de que algo bom possa surgir dela”.2 Através de sua intrincada narrativa lírica e musicalidade dinâmica, oferece não apenas um retrato da tristeza, mas um caminho através dela, deixando os ouvintes com uma apreciação mais profunda pela “complexidade que eu Quero dizer, ouvir essa música… me lembra que raramente na vida as coisas são preto e branco”.2 O impacto duradouro da canção e seu status de “obra-prima” 1 decorrem de sua capacidade de transformar um trauma pessoal altamente específico (a morte do pai de Casablancas) em uma experiência universalmente ressonante de sofrimento e resiliência humana, facilitada por sua estrutura narrativa única e fundamentos filosóficos. As informações disponíveis consistentemente destacam a origem pessoal da canção (morte do pai1), sua universalidade (“muitas pessoas se identificam com ela,” 1; evoca nostalgia/desamparo em outros2), e seu mérito artístico (“obra-prima,” 1; “gênio,” 1). A conexão entre esses elementos revela que a história pessoal fornece autenticidade e profundidade, mas é a
maneira como ela é contada – através da lente de Rumi, da estrutura narrativa que imita o luto e da honestidade emocional crua – que permite que ela transcenda o específico e ressoe universalmente. A canção não apenas descreve a tristeza; ela a encena, e ao fazê-lo, proporciona uma experiência catártica compartilhada que a torna uma obra de arte duradoura.